Com o foco em correria, barulho e tiroteios dos novos filmes da série Jornada nas Estrelas, eu tive que buscar os elementos que me agradavam na série em outro lugar. O espírito de exploração, contato com novas culturas, tensão diplomática e também, de certa forma, uma certa ordem e hierarquia, sempre questionada por um capitão de espírito um pouco mais sangüíneo do que seria apropiado para a sua posição. Não foi difícil descobrir que, de certa forma, o capitão Kirk foi baseado indiretamente em Thomas Cochrane. Indiretamente porque ele foi inspirado em Horatio Hornblower, criação de C. S. Forester, que foi, esse sim, diremente inspirado em Cochrane.
Cochrane foi herói de guerra e estrategista naval inigualável. Uma vez, tendo disfarçado seu navio minúsculo (14 canhões, 54 almas) como se fosse um navio americano, aproximou-se de um navio espanhol muito maior (32 canhões e 319 almas). O disfarce o deixou se aproximar o suficiente para que o navio maior não pudesse apontar os canhões para baixo contra ele, nesse momento ele levantou a bandeira inglesa e começou o ataque, conseguindo capturar o inimigo mais poderoso. Ele também ajudou a libertar vários países quando teve que fugir da inglaterra (tendo sido expulso da marinha), inclusive o Brasil, entre vários outros feitos.
Mas não é o capitão original mas sim a série que ele inspirou que me devolveu os aspectos perdidos da série, mas sim outro capitão inspirado nele, Jack Aubrey. Lucky Jack, como é conhecido por suas conquistas em batalha, e seu cirurgião naval, Stephen Maturin, são o contraste perfeito. Idéias e origem dos personagens se contradizem e contrapõem (Jack é um estrategista militar, objetivo, inglês de certa forma conservador) e Maturin é um irlandês católico que cresceu na Catalúnia, duas repúblicas separatistas, e por isso avesso a regimes autoritários como o de napoleão, mas também um naturalista, amante da natureza e da ciência e, muitas vezes, um espião idealista.
E aí você tem um mundo inexplorado pelos ingleses (a federação), os franceses (Klingons), outras nações de aliança duvidosas (espanhóis, americanos) e toda a aventura, ciência, descobertas e frustações dos dois personagens centrais, onde o sucesso de um muitas vezes é a frustação do outro, e as histórias contadas por todos os outros oficiais e marinheiros, poesia e música, contadas de forma maestral por Patrick O'brian.
Eu li os doze primeiros livros até agora, e o sentimento que tenho é que os vinte e um livros da série serão poucos no final das contas.
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